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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

"Corre... Maria..!"

foto: "Daniel Ridgway Knight"

Corre, Maria… Corre!
Corre do dia-a-dia
e da azafama do lar.
Corre do peso nos ombros
que te fazem suportar
o pai, a mãe, os filhos
e, marido sem trabalhar.

Corre, Maria… Corre!
Corre do despertador
e, salta para a cozinha!
Põe a chaleira ao lume,
não esquecendo a torradinha
e o lanche dos miúdos.
Deixa o remédio dos pais
ajeitado na caixinha.
Assinala no jornal
os empregos p’ró marido.
Não esqueças passar o fato
e, deixa de molho o vestido.

Corre, Maria… Corre!
Leva os filhos à escola
no caminho do trabalho
que trazes por entre o dia,
engolindo entre sorrisos
esse anseio de alegria
e gritando com voz muda:
“Isto não é vida, porra!”

Corre, Maria… Corre!
Corre para o teu quente lar.
Calor, que tens tu de dar
mais esse apoio preciso
a quem te vê um pilar
de força e sensatez,
que ainda mantém unida
essa família tão querida,
antes que quebre de vez.

Corre, Maria… Corre!
Corre até não puderes mais!
Berram filhos. Choram pais.
Esconde a vergonha o marido
por ‘inda não ter conseguido
voltar ao normal da vida
e, não penses em parar…
Corre a fazer o jantar!

Corre, Maria… Corre!
Com vontade de chorar
mas, não deixes de sorrir.
Corre, até a dormir
e, dorme, Maria… Dorme!
Descansa com rapidez.
Encontra a paz nos sonhos
mas, não deixes de sonhar,
pois sabes que amanhã
tens de correr outra vez!

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© H. Vicente Cândido
Peniche, 14-07-2015
(Snack-Bar “Cruzeiro do Sul”)

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