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quinta-feira, 31 de maio de 2007

Poemas III - Jornal Diário

De perna traçada,
distraído,
lias um jornal
indiferente ao movimento,
ao barulho.
Passavas com os olhos
os cabeçalhos de uma noticia
mais quente.
Puro entulho!
Lixo que se escreve
em páginas impressas,
sensacionalistas, porcas,
perversas.
Mas vendem!
O povo quer ler
sobre as desgraças do mundo
para as suas esquecer.
Ler notícias de campeões
adorados por multidões,
das “tias” , dos milionários
e dos ricos empresários,
da vida que queriam ter.
Lêem a desgraça alheia
com sofreguidão, fervor,
devorando calamidades
para esquecer as verdades
duma monotonia lerda.
Pensam consigo e não dizem:
– Minha vida é uma merda!
Mas há quem esteja pior.





© H. Vicente Cândido, 29-09-2006 (Associação da Atalaia – Lourinhã)




segunda-feira, 28 de maio de 2007

Monumentos de Peniche - São Leonardo (parte I)

A Igreja paroquial de São Leonardo foi construída nos finais do século XII num estilo predominantemente romano gótico mas apresenta posteriores marcas manuelinas.

A frontaria é ladeada pela torre sineira rematada por duas pirâmides e o portal do Século. XII é constituído por três arcos que irrompem de pequenas colunas capitalizadas onde são representados animais e criaturas míticas.

Segundo a lenda, na construção das arcadas desta igreja foram usadas ossadas de grandes baleias capturadas pelos pescadores do então porto de “Tauria” e, a razão pela qual São Leonardo é o patrono desta Vila, remete-nos para um barco que transportava prisioneiros gauleses da costa atlântica para o mediterrâneo o qual tinha a bordo uma imagem desse Santo. Esse navio naufragou junto ao porto e, como todos se salvaram do naufrágio, foi ali edificada uma igreja em acção de graças a São Leonardo cuja imagem os acompanhava e ao qual atribuíram o milagre de não terem perecido todos no mar.

Em Portugal, parece ser a única igreja erigida a este Santo e Atouguia da Baleia a única paroquia com esse nome, Paróquia de São Leonardo.

A festa litúrgica é no domingo mais próximo do dia 6 de Novembro, dia completamente preenchido pela Feira de São Leonardo.



(continua)


sábado, 26 de maio de 2007

Contos - "Lasciva e Sensual"


Ao longo do Blog (que espero durar muito tempo), vou publicar também alguns contos originais, bem como outros, se possível devidamente indexados e que, pela sua natureza, mereçam ser postados aqui.
Podem também encontrar alguns dos meus textos, poemas e outras "Palavras", no site das Edições EC - Escrita Criativa, que estão desde já convidados a visitar.

Todos os meus contos são pura ficção mas... o que é a ficção senão uma história fictícia sobre a possível realidade de alguém?


      Sete horas da tarde.

      Sentado no banco de pedra sobre a falésia, observava as ondas enquanto esperava que o pôr-do-sol me trouxesse inspiração para mais um conto.
      Em pleno mês de Abril, o pouco movimento na Ilha do Baleal deixava o mar cantar a sua canção quase sem interrupções. Com o caderno de apontamentos a postos, aguardava.
      «Só mais uns minutinhos.» – Pensei.
      Foi então que uma mão tocou ao de leve no meu ombro numa carícia tão suave como uma brisa morna que quase não se sente.
      Virei-me.
      Atrás de mim uns olhos azuis e cristalinos reflectiam o amarelo avermelhado do sol que começava a pousar sobre o oceano. O meu espanto foi imediatamente ultrapassado pela beleza dos cabelos claros que esvoaçavam serenamente açoitando a face do anjo que sorria para mim.
      «Posso sentar-me?» – Disse.
      Sem conseguir falar, sinalizei-lhe que sim.
      Ela sentou-se mesmo ao meu lado deixando quase um metro de banco desocupado. Olhava-me com um misterioso sorriso, tal Mona Lisa enigmática e provocante.
      Quando, ao fim de alguns segundos de silêncio, finalmente consegui recuperar a voz e me preparava para perguntar-lhe o nome, um dedo indicador colou-se nos meus lábios e, a mesma mão que antes me tocara no ombro, afagava-me agora carinhosamente a perna esquerda.
      Um arrepio percorreu-me toda a coluna.
      Aquele dedo que me pressionava deliciosamente o lábio, aqueles olhos meigos cor do mar, aquela boca lasciva…
      Perdi a noção de tudo! Do sitio onde estava, das janelas que escondiam olhares indiscretos, do desconforto no banco de pedra. Tudo! O bloco de apontamentos voou pela falésia enquanto uma excitação que ultrapassava tudo o que tinha sentido até então se apoderava de mim.
      Tinha de possuí-la ali mesmo.
      Já não me interessava o nome, quem era, o que fazia ali… Beijei-a sofregamente e arranquei-lhe de um puxão a fina camisa de seda. Ela sorriu enquanto num só gesto, hábil e pensado, me desabotoou os as calças e me puxou pelo pescoço até eu conseguir sentir a sua respiração.
      «Vamos!» – Ouvi-a dizer num murmúrio enquanto sentia que me apertava cada vez mais o braço.
      «Vamos!» – Disse-me outra vez. Mas a dor era agora mais forte.
      Olhei para trás.
      Um braço peludo agarrava-me com força e uns olhos castanhos escondidos por baixo das sobrancelhas carregadas olhavam-me divertidos.
      «Vamos!» – Repetiu um homem com calças de pintor e uma barba negra, espessa, pingada com salpicos multicolores. – «É melhor acordar ou ainda se descuida e cai lá em baixo. Não interrompi nenhum sonho agradável, pois não?»
      Voltei à realidade e sorri.
      A canção calma das ondas tinha-me embalado ao ponto de adormecer mas, afinal a inspiração para o conto tinha chegado mais uma vez.




© Palavras (de H. Vicente Cândido)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

23 Curiosidades..!

  1. O nome completo do Pato Donald é Donald Fauntleroy Duck.
  2. Em 1997, as linhas aéreas americanas economizaram US$40.000 eliminando uma azeitona de cada salada.
  3. Uma girafa pode limpar suas próprias orelhas com a língua.
  4. Milhões de árvores no mundo são plantadas acidentalmente por esquilos que enterram nozes e não lembram onde eles as esconderam.
  5. Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado.
  6. As formigas se espreguiçam pela manhã quando acordam.
  7. As escovas de dente azuis são mais usadas que as vermelhas.
  8. O porco é o único animal que se queima com o sol além do homem.
  9. Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo, é impossível tocá-lo com a própria língua.
  10. Só um alimento não se deteriora: o mel.
  11. Os golfinhos dormem com um olho aberto.
  12. Um terço de todo o sorvete vendido no mundo é de baunilha.
  13. As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que as unhas do pé.
  14. O olho do avestruz é maior do que seu cérebro.
  15. Os destros vivem, em média, nove anos mais que os canhotos.
  16. O "quack" de um pato não produz eco,e ninguém sabe porquê.
  17. O músculo mais potente do corpo humano é a língua.
  18. É impossível espirrar com os olhos abertos.
  19. "J" é a única letra que não aparece na tabela periódica.
  20. Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.
  21. Os chimpanzés e os golfinhos são os únicos animais capazes de se reconhecer na frente de um espelho.
  22. Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite.
  23. Aproximadamente 70 % das pessoas que lêem este texto, tentam lamber o cotovelo!!!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Poemas II - Peniche, Filha do Mar

Dizem que o mar é calmo e inspirador.
Sou obrigado a concordar pois, quando me sento ao final da tarde na Ilha do Baleal a três quilómetros de Peniche, simplesmente para observar as ondas e aproveitar a calma do pôr-do-sol, é impossível manter o bloco de apontamentos guardado e a caneta quieta.
Foi numa dessas ocasiões que saiu o poema que transcrevo abaixo.
Espero que gostem.





terça-feira, 22 de maio de 2007

Homenagem a Pessoa

      Embora este Blog trate também de assuntos relativos ao Concelho de Peniche e, (porque convém puxar um pouco a brasa à minha sardinha) à freguesia da Atouguia da Baleia podendo também, mais tarde, englobar comentários envolvendo toda a área do centro-oeste, tem como tema principal... as palavras.
      Nada me parece mais justo que, homenagear hoje um grande português, ele próprio mestre no uso das palavras, algumas das quais eu vou ter a ousadia de pedir emprestadas e transcrever para aqui, esperando sinceramente que gostem.

      Um dia...

      Um dia a maioria de nós irá separar-se.
      Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
      Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
      Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
      Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
      Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
      Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos.
      Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
      Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.
      Vamo-nos perder no tempo...

      Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
      "Quem são aquelas pessoas?"
      Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
      "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
      A saudade vai apertar bem dentro do peito.
      Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
      Quando o nosso grupo estiver incompleto...
      Reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
      E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
      Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
      Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida isolada do passado.
      E perder-nos-emos no tempo...
      Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

      Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"


Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Há Tempo para Tudo..!

Há algum tempo atrás, todos no trabalho se queixavam do stress da vida comercial, inclusive o director, que se mostrava o mais eficaz mas, também o que mais falta de tempo tinha.

Um dia, uma colega minha, comercial da mesma empresa deixou-lhe em cima da secretária um texto tirado de uma qualquer página da Internet. Foi simplesmente uma brincadeira mas, o certo é que eu ainda hoje o guardo e, quando penso que não tenho tempo para nada, delicio-me a ler aquelas breves linhas que hoje transcrevo para aqui:

        Na sala de aula, o professor estava de pé com alguns objectos em cima da secretária. Quando a aula começou ele, calado, pegou num frasco grande de vidro vazio e começou a enchê-lo com bolas de golfe. Quando não cabiam mais, ele perguntou aos alunos se achavam que o frasco estava cheio.
        Todos responderam que sim.
        O professor então pegou num saco de feijões secos e, ao chocalhar o frasco, estes iam entrando para os buracos vazios entre as bolas de golfe. Quando não cabiam mais, ele perguntou aos alunos se achavam que o frasco estava cheio.
        Todos responderam que sim.
        Neste ponto, o professor despejou um saco de areia para dentro do frasco. Como é óbvio, a areia ocupou todo o espaço restante do frasco. Quando não cabiam mais ele perguntou aos alunos se achavam que o frasco estava cheio.
        Todos responderam que sim.
        Foi então que o professor agarrou em dois copos de café e os entornou lá para dentro. Agora sim, não havia mais espaço.
        Os alunos desataram a rir.
        "Agora," disse o professor enquanto as gargalhadas ainda se ouviam, "eu quero que vocês reconheçam que este frasco representa a organização da vossa vida".
        "As bolas de golfe são as coisas mais importantes: a família; os filhos; a saúde; os amigos e tudo o que vos é mais querido, de modo a que se tudo na vida desaparecesse e só ficassem elas, a vossa vida continuava cheia!"
        "Os feijões são as outras coisas importantes da vida: o trabalho; a casa; o carro"
        "A areia é tudo o resto das coisinhas pequeninas."
        "Se encherem primeiro o frasco com a areia, já não há espaço para o feijão nem as bolas de golfe. O mesmo se passa com a vida."
        "Se gastarem todo o tempo e a vossa energia com as pequenas coisas nunca vão ter espaço para as coisas que são verdadeiramente importantes para vocês."
        "Prestem atenção às coisas que são essenciais à vossa felicidade. Brinquem com as crianças. Tirem tempo para ir ao médico, talvez fazer um check-up. Saiam para um jantar romântico. Vai haver sempre tempo para arrumar a casa. Tomem conta das vossas bolas de golfe primeiro, das coisas que têm mesmo importância."
        "Tenham prioridades. Para o resto vai sempre haver espaço. Não encham o vosso frasco primeiro com a areia, pois as bolas de golfe não vão caber no fim."

        Um aluno perguntou: "E o café o que é?"

        "Ainda bem que perguntas. Eu ia agora mesmo dizer-vos. É que mesmo que sintam que a vossa vida está cheia, há sempre espaço para beber um café com um amigo."

domingo, 20 de maio de 2007

Sabores do Mar 2007

Vai ter início no dia 1 de Junho o 8º Festival "Sabores do Mar" a decorrer em Peniche até dia 10 do mesmo mês.

Para além da excelente gastronomia e da vasta e atractiva programação, que podem consultar em pormenor no site da Câmara Municipal de Peniche, há que salientar a actuação do grupo Xutos & Pontapés no Sábado, dia 2 de Junho.


sexta-feira, 18 de maio de 2007

Poemas I - O Pescador

Natural de Peniche e residente numa aldeia deste mesmo conselho, eu não podia deixar de iniciar este Blog com um poema dedicado aos incansáveis pescadores desta terra que, dia após dia enfrentam as forças da natureza navegando por um mar onde já tantos pereceram.


Peniche,
onde o mar reflecte o olhar
de um pescador aflito. Triste,
de olhos em riste
sobre um amargo maço
de notas na mão
que mal chega para as despesas:
O carro, a casa, a luz
e o pão?
Fica para a próxima!
Hoje, os três filhos e a mulher
comem do que houver.
Os restos de um jantar
sobre as luzes da ribalta
mas, o vinho…
Esse não falta.
E no fim-de-semana que se aproxima
conta-se o resto dos tostões
sem ligar às consequências,
pois há que manter as aparências.
Preparam-se para a diversão
com a família, os tios, a prima
e o pão?
Fica outra vez para trás.
Se para mostrar que é capaz
de sustentar a família,
mês a mês,
ano após ano,
passa para segundo plano
comida farta na mesa
pois é melhor, com certeza,
mostrar a todos que está bem
do que sofrer do vizinho
aquele olhar de desdém.
E os filhos apontados,
eles e outros tais
como reles marginais,
sempre fingindo estar bem.
E a mãe?
Ajudando no que pode
por migalhas, vai à luta
e é chamada de puta
se o marido não está,
pois é vista aqui e além
esquecida de fingir
que não consegue dormir
e que a comida na mesa
não e mais uma certeza.
Com o suor de sua mão
finalmente, trás o pão
para uma casa singela
onde a mentira se esvai.
E naquele simples lar
como outros a seu redor,
no final, todos se abraçam
e o mais novo filho agradece
por ter um pai pescador.


H. Vicente Cândido, 24-09-2006