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quarta-feira, 27 de junho de 2007

Poemas VII - Velha Traineira

E aqui vai mais um poema em jeito de canção, dedicado a todos os pescadores desta linda terra que é Peniche.

Quem sabe se um dia não aparece por aqui alguém com uma idéia para a musicar e um outro alguém com voz para a cantar.

Brincadeiras à parte, espero que gostem.




Velha Traineira



Velha traineira
vai rumando, altaneira
desflorando a bandeira
de um povo junto ao mar.
Velha barcaça,
que já perdeu sua graça
mas que a forte carcaça
ainda deixa navegar.


Barco velhinho
vai seguindo o seu caminho
mar a dentro direitinho
correndo sem se cansar.
Leva consigo
velhos lobos da maré
com sabedoria e fé
deitam as redes ao mar.


Linda traineira,
volta de sua viagem
devagar, ruma p’rá margem
pois o porto a espera.
Mais uma vez
forçando seu coração
trás toda a tripulação
são e salva para terra.


Mas desta vez,
não parou no seu destino
e ao longe ouviu-se um sino
que o som, o vento levou.
Anunciando
que p’rá doca era levada
ali ficou ancorada
a viagem terminou.


Aguarda agora
maldizendo a sua sorte
depois de enfrentar a morte
tanta vez em alto mar.
Mesmo a seu lado
está mais um barco encalhado,
partido, despedaçado
nunca mais vai navegar.

Agora sabe
um pouco mais conformada
está sua vida acabada
nada mais pode fazer.
Fecha os olhos
ao som de fortes pancadas
serrotes e marteladas
pode enfim em paz morrer.





© H. Vicente Cândido, 28-09-2006 (restaurante "O Beirão")


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