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sexta-feira, 8 de junho de 2007

Lidar com Pessoas - Parte I

Vou iniciar hoje um novo tema te se intitula muito simplesmente "Lidar com Pessoas".
Ao longo da minha vida, sempre estive numa posição profissional que me obrigava a um contacto directo com o público, com gente de todos os géneros e classes sociais que eu não conhecia de lado nenhum. O constante contacto com maneiras de pensar muito diferentes da minha e a necessidade de não confrontar essas ideias directamente, foi aprimorando o meu modo de falar e, aos poucos até de pensar. Quase sem perceber como, podia falar com qualquer um, expondo a minha forma de pensar sem ferir susceptibilidades mas também sem ser falso, comigo e com os outros.

Com isto em mente, resolvi publicar uma série de artigos, intercalados com outros temas neste Blog, para partilhar um pouco da minha experiência em “Lidar e Falar com Pessoas”. Espero conseguir transformar um tema maçador numa leitura agradável e, se receber um comentário que seja a dizer-me que um dos meus conselhos o ajudou, já me considero plenamente satisfeito.


Lidar com Pessoas – Parte I
(O desejo de um elogio)


      Neste mundo existe apenas uma maneira de conseguir que alguém faça alguma coisa. Já pensou nisso? Esse meio é fazer com que essa pessoa aceite a nossa vontade.
      Poderá obrigar um homem a dar-lhe a carteira, apontando-lhe uma arma; obter a colaboração de um empregado (até virar as costas) com a ameaça de o despedir; levar uma criança a obedecer-lhe por meio de pancada ou ameaças. Mas todos esses processos têm repercussões indesejáveis.
      A única maneira de fazer com que alguém aceite a nossa vontade, é dar-lhe o que deseja!

      O famoso Dr. Sigmund Freud, dos mais notáveis psicólogos do sec. XX, afirma que em nós, tudo emana de dois motivos: a necessidade sexual e o desejo de ser grande. O prof. Jonh Dewey, filósofo Americano, pensa um pouco diferente e afirma que a mais funda solicitação da natureza humana é o desejo de ser importante. Guarde esta frase: «O desejo de ser importante».
      O que desejam quase todos os adultos normais?
       Saúde e preservação de vida. Alimento. Repouso. Dinheiro e tudo quanto o dinheiro pode proporcionar. Vida futura. Satisfação sexual. O bem-estar dos filhos. Uma sensação de importância.
      Quase todos os desejos, em maior ou menor quantidade, mais cedo ou mais tarde, são satisfeitos. Todos menos o que se apresenta quase tão profundo como o desejo de alimento ou de repouso e que, raramente é satisfeito, sentirmo-nos importantes.
      Fica aqui mais uma frase para guardarem: «O mais profundo princípio da natureza humana é a ânsia de ser apreciado».
      Um meu conhecido, empresário de sucesso, disse-me uma vez: «Tenho viajado muito e encontrado muitos homens em várias partes do mundo, mas ainda não encontrei uma homem que, seja qual for a sua situação, não tenha feito melhor trabalho sob um espírito de aprovação, pondo nele maior esforço do que se tivesse de fazê-lo sob um ambiente de crítica». Esse homem é agora o “Master” de uma das maiores redes imobiliárias de Portugal. Então, porque não tentar seguir o mesmo raciocínio que têm as pessoas de sucesso?
      Conversei com algumas pessoas que pensam ser um crime alguém deixar a sua família ou os seus empregados seis dias sem comer. Porém, são capazes de os deixar seis dias, seis semanas, e muitas vezes sessenta anos sem lhes dispensar algumas palavras de consideração, coisa que eles desejam tanto como o alimento.
      Mas agora, há que distinguir entre consideração e bajulação sendo que, com a consideração podemos dar um elogio sincero. Então como separar os dois? Simples. Um é sincero a outra hipócrita; um vem do coração, a outra da boca; um é altruísta, a outra egoísta; um é universalmente admirado, a outra é universalmente condenada.
      Li uma vez como se deve definir a bajulação: «Bajulação consiste em dizer a alguém justamente o que ele pensa de si mesmo.».
      Ouvi por casualidade a conversa entre dois senhores que desconheço durante uma convenção de negócios. Um deles dizia: «Todo o homem que encontro me é superior em alguma coisa e, nisso em particular, aprendo com ele». Ora aí está mais uma frase para guardar. Eu, por meu lado, vou recordá-la até ao fim dos meus dias.
      Pensem comigo. Se há algo, por ínfimo que seja, que se pode aprender com outra pessoa, deverá também haver algo para apreciar. Então por que não fazer uma apreciação e um elogio sincero? E como procede a maioria dos homens? Exactamente ao contrário. Se não gosta de alguma coisa, investe, goza, critica; se gosta não diz nada.

      Vamos tentar fazer uma experiência durante alguns dias. Deixemos de pensar nas nossas qualidades e nos nossos desejos e experimentemos descobrir as qualidades boas que os outros possuem (mesmo que estejam bastante bem escondidas). Esqueçamos a bajulação ou a crítica e façamos um honesto e sincero elogio.

      Guarde mais esta última frase: «Seja sincero na sua aprovação e pródigo no seu elogio» e as pessoas prezarão as suas palavras, guardando-as e repetindo-as anos depois, quando já as tiver esquecido.



(continua dentro de alguns dias)
Mas não resisto em deixá-los com uma frase que vou explorar em “Lidar com Pessoas – Parte II”

«O próprio Deus não se propôs julgar os homens antes do fim dos seus dias, porque havemos de fazê-lo nós?»

2 comentários:

Anónimo disse...

Vc devia citar o autor desse conteúdo, que é o Dale Carnegie, no livro "Como fazer amigos e influênciar pessoas"

ABS

Alexandre

H. Vicente Cândido disse...

Antes de mais, agradeço ao Alexandre o seu comentário.

Realmente, foi no livro "Como fazer Amigos e Influenciar Pessoas" de Dale Carnegie que inspirei para a criação deste tema.

Infelizmente, não lhe dei a continuação que pretendia, que era escolher algumas das suas passagens mais interessantes e tentar actualizá-las um pouco, juntando também alguns comentários e passagens pessoais.

Aproveito para aconselhar a compra desse mesmo livro a todos os que quiserem aprender a melhorar um pouco o seu relacionamento com o próximo, bem como a entender melhor o porquê das pessoas agirem de determinada maneira, perante as mais diversas e quotidianas situações.

Quer como uma leitura descontraída, quer como um livro de consulta, é com certeza uma mais valia na sua biblioteca pessoal.