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segunda-feira, 16 de julho de 2007

Poemas IX - Uma Mosca

E para deixar por alguns instantes os assuntos mais sérios de lado, vamos fazer
justiça a um dos mais usuais hospedes das nossas casas, as Moscas.

Espantada aqui e além
vai a mosca impertinente.
Zune e voa pela casa,
atormenta toda a gente.

Mata-moscas se agitam
numa tentativa vã
de apanhar a mosquinha
que volta sempre amanhã.

Com o rabo reluzente
vem a mosca varejeira
pousa leve e delicada
num monte de caganeira.

Não repara enquanto come
que alguém horrorizada
olha para a porcaria
e, é outra vez espantada.

Coitada da pobre mosca
que não estorva ninguém,
qualquer bosta a contenta
mas nem na merda está bem.

Entra em casa novamente
procurando mais comida,
a medo, pousa na mesa
com a toalha estendida.


Aquelas simples migalhas
olha-as com sofreguidão
e encontra nesses restos
a almejada refeição.

Já depois de bem tratada
não repara, com certeza
numa mão forte e pesada
que a espalma na mesa.

Coitada da varejeira
que por comer em má hora
nunca mais se levantou,
morreu com as tripas de fora.










© H. Vicente Cândido (15-01-2007 – Serra d’el Rei)


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