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sábado, 30 de julho de 2016

"Em Jeito de Diário" - parte 1 de 3


Aqui estou eu, novamente a rabiscar algumas palavras nas pequenas folhas amarrotadas de um guardanapo, sentado exactamente na mesma mesa de esplanada onde por tantos anos desfrutei de uma companhia que pensava ser eterna.

Olho para a cadeira vazia a meu lado, e as imagens dos tão belos momentos que passamos juntos, entre conversas e olhares de cumplicidade, passam por mim a correr como num antigo filme mudo, ainda a preto e branco. Sem dar por isso, já passou um ano… Dois anos... Três... Não consigo conter uma lágrima que teimosamente insiste em querer vir espreitar o sol deste final de tarde.

«O tempo passa a correr.» – Penso para comigo.

A ténue linha entre a felicidade e a tristeza enrola-se na minha mente em voltas complexas, tal como a mais elaborada renda de bilros, onde apenas podemos apreciar a complexidade e beleza do resultado final, mas é impensável até para o olhar mais atento e treinado, distinguir todas as suas voltas e contravoltas. 

Em vão, tento forçar-me a pensar nos momentos menos bons que passámos, e sinto-me frustrado ao constatar que apenas as boas recordações ficaram.

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