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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Abril sem Cravos


“Abril sem Cravos!”

Sim… É Abril!
E depois?
E depois desse adeus
que marcou os passos
de uma nação a marchar
contra a opressão, tirania,
na esperança de um dia
poder escrever… Falar!

É Abril! E depois?
E depois da censura,
das prisões e da tortura?
E depois da ditadura
ser finalmente abolida
pela voz de um povo unido
que não seria vencido?
Depois de cair o pano
sobre a dita… Primavera
de um tal Marcello Caetano…
E depois?

É Abril!
Grita uma voz pungente,
erguendo cravos na mão.
Viva a revolução!
Viva a liberdade!
Pobre Portugal…
Onde está agora
a terra de fraternidade?
Para onde emigraram
as promessas de trabalho,
saúde, oportunidade?

Mas… É Abril…
Diz alguém na multidão
soando fraca, abatida.
Sim… É Abril! E Então?
Isto é vida?

Venham de lá águas mil
e levem na enxurrada
essa corja de ladrões,
de vigaristas, corruptos,
de mentirosos, cabrões!

Venha a chuva da razão
regar a possibilidade
de florescer a nação.
De recuperar o povo
de um  estado débil, febril
e, então com novo alento,
com acrescida vontade,
gritaremos em uníssono:
Viva a Liberdade!
Viva…
Viva o 25 de Abril!

© H. Vicente Cândido,
Peniche, 23 de Abril de 2016

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